Teoria da Implicação
Buscamos compreender, através da Teoria da Implicação, a continuidade entre os eventos de nossa vida e o indivíduo, entre fatos e objetos – sempre relacionados de forma implicada.
O homem está sempre relacionado com os eventos em si e em seu meio, tendo com estes uma relação tanto contínua quanto de responsabilidade.
São algumas as premissas básicas deste pensamento.
.Primeiro, é que nascemos comprometidos com o crescimento – o ser navega em direção à evolução. Desde o primeiro momento de vida, na própria geração do indivíduo, este já possui os princípios que determinam sua evolução, amadurecimento e morte, da mesma maneira que uma semente, prestes a germinar, tem inscrita sua informações.
(Aristóteles: "A potência é a possibilidade real do ser e o ato a sua forma existente. Assim, a semente é semente enquanto ato e tem a potência de ser árvore").
. Segundo, neste caminho que o homem trilha, cumprindo a missão de amadurecer, etapas mal resolvidas transformam-se em condições não aceitas na sua evolução. São situações não elaboradas que deixam marcas e fixações que clamam por elaboração e superação, enquanto o progresso insistirá freqüentemente, causando oportunidades de retomada do amadurecimento. p.s. di:a.lé.ti.ca
. Terceiro, este registro se faz de forma inconsciente e a visão mais plena de nós mesmos é desvendada neste "arquivo dinâmico", que compreende a história em detalhes de cada indivíduo e sua espécie.
Neste inconsciente está a centelha do progresso e a inscrição dos obstáculos, cuja não-superação acarreta a gradual estagnação em torno do problema, impedindo que o novo se inscreva no indivíduo. O caminho da potência ao ato é interrompido.
A realidade se constrói a partir desta necessidade de elaboração e de crescimento. (Veja O Crescimento na Angústia). O meio contribui muitas vezes através da própria dor, para que superemos estes obstáculos internos.
Ao enxergamos o conjunto de problemas de um indivíduo, a primeira questão seria: qual a implicação do ser com os acontecimentos de sua vida? Tanto os problemas relacionais, emocionais e de saúde poderiam ser assim melhor explicados pela reflexão íntima do que representa de fato cada evento no desenvolvimento pessoal.
A realidade é espelho das construções e desarmonias internas e sob esta perspectiva deve ser percebida.
Como um espelho, uma fatalidade, o estudo da realidade que convivemos, representa uma oportunidade de desenvolvimento. Os fatos e eventos estão implicados com nossas necessidades, sendo assim, a forma que lidaremos com estes definirá a possibilidade de aprendizado.
O indivíduo povoa o presente de elementos que tanto geram a repetição emocional do problema, quanto possibilitam a inscrição de soluções inéditas ao mesmo, nem sempre alcançadas, levando a uma nova repetição ou a elaboração.
Entender cada evento, a partir da necessidade que o indivíduo possui de passar por aquela situação, acaba de vez com a atitude de vitimação, e institui a pessoa como personagem ativo no enredo dos acontecimentos de sua vida.
Através de uma visão dialética, se percebe a capacidade de mudança e a transformação da realidade que o indivíduo possui.
Estamos então implicados com a realidade em que vivemos, com o meio que nos cerca – e está em nossas mãos o poder de aprendizado e mudança.
Dra. Ana Suruagy Botto
Psicóloga - Psicanalista
Substantivo Feminino
A arte do diálogo ou da discussão