SEPARAÇÃO?
Era uma bela casa, com um belo jardim, no qual se comemorava uma qualquer data importante. À beira da piscina várias mesas redondas eram ocupadas por pessoas que interagiam, como subgrupos familiares ou velhos amigos que se reencontram. Aquela mesa me chamou atenção: um casal de avós, seus filhos e netos. Todos falavam, gesticulavam e pareciam absortos em algum assunto muito particular. Que família feliz, pensei.
Não, não era assim. Aqueles avós estavam separados há mais de vinte e cinco anos. Odiavam-se e mantinham os filhos sempre envolvidos em seus conflitos.
Que dinâmica mantinha aquela família de “inimigos para sempre?” Eram unidos ou desunidos? Como sobrevivem? O que seria, para eles, “separação”?
Separação pode ser um jogo que consome energia muito tempo após sua homologação pela justiça ou pela vontade consciente dos cônjuges. Pode envolver filhos, netos, família, como se eles fossem juizes permanentes, defensores ou acusadores de causas sem fim. Não entra em questão o tempo perdido e a vida que se esvai.
No polo oposto, casais se separam como se este fato nada significasse. Não há uma fase de luto, não há elaboração da perda. Cada um sai para o seu lado como se tivesse fome de novos relacionamentos. Ou como se dissessem um para o outro: “Você não importa, olha como estou melhor que você!”
Outros usam os filhos através de uma “compra”. Quem dá mais (brinquedos, dinheiro, passeios, atenção, etc.) sente-se superior.
Existem os que se julgam “donos” do outro. A separação é rápida, o retorno a novas relações afetivas também, até que um dia...descobrem que o ex parceiro está namorando! Como ousa? O ciúme chega rápido e cruel.
Sim, há um jogo. Nele, só vale vencer. Assim funciona o nosso inconsciente.
O fato é que uma separação não precisa assumir estas formas ou outras similares. É possível refletir, respeitar. Se a separação é inevitável, que ela seja efetuada sob parâmetros onde futuro, filhos, tempo, racionalismo, bens, sejam estudados e resolvidos em conjunto.
O casal que chega à iminência de separação está sofrido, muitas vezes com muita raiva e tantas emoções que são um campo fértil para as nossas energias inconscientes proliferarem e fazerem o seu trabalho destrutivo.
Que busquem ajuda! Existem formas de restabelecer o equilíbrio de vidas que decidem não mais seguirem juntas. A psicoterapia é uma delas.
Psicóloga Simone Mello Suruagy