Ciclo Vicioso
Eis-me de volta
ao meu ciclo vicioso.
Começa em sonhos, ilusões, fantasias,
crenças, esperanças, certezas.
Descortino um mundo azul,
com um mar azul, um céu azul,
onde voam, livres, gaivotas azuis.
De repente, a primeira nuvem no horizonte,
outras e outras mais,
se avolumam e enegrecem,
anunciando a tempestade.
Que cai e destrói
todos os castelos de areia
tão penosamente construídos.
Que afugenta as gaivotas para muito longe,
que encapela o mar, que esconde o céu.
E, no escuro, as coisas ficam mais claras :
castelos de areia têm que ruir
mais dia, menos dia.
O céu não é azul e as gaivotas não são livres.
O mar, que me acolheu, me colocou à margem.
E assim estou eu :
à margem da vida,
participando de uma pantomima,
sem refúgio em crença de qualquer espécie.
Por que não aproveitar a borrasca
e me afogar de vez?
Prefiro perder-me na tempestade
a ver, daqui a pouco,
o céu novamente azul, o mar,
as gaivotas, os sonhos...