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A solidariedade no erro


Quando um realiza o desejo inconsciente e inconfessável do outro.

“Em nosso interior os sentimentos ambivalentes convivem lado a lado, sem serem conflitivos. Amar e odiar, querer e não querer, um mesmo objeto e com a mesma intensidade. Um aparente antagonismo, que fala de verdades emocionais, onde todos contam sua própria história. ”

Nosso inconsciente não possui um critério de valor e sentimento opostos convivem lado a lado. Para nossa razão um grande conflito. Como se o médico e o monstro formassem um duplo interno em cada um de nós.

´Amo e odeio meu marido. Amo por um sentimento que vai além do racional e amadurecido com o tempo. Odeio, por cada frustração que se acumulou no decorrer desses anos. ´

Internamente tudo certo, o problema é quando esse sentimento sai de nosso interior e exige uma atitude na realidade. Como satisfazer posições tão opostas?

“Um beijo e um soco? Certamente seria internada.”

Muitas vezes tentamos optar por uma face de nosso duplo. Damos preferência pela posição mais valorizada e menos conflitiva, depreciando a oposta como se ela não existisse.

Tantas discussões de casais seriam poupadas se cada um conseguisse escutar o seu próprio conflito e o quanto tornou o outro o realizador desse mais profundo desejo inconfessável.

“ - Dra. Ela não me acordou para a vigem. Eu pedi que ela me acordasse. Acabei perdendo o voo. Ela me sabotou.”

Foi interessante perceber que encoberto por um ato explicito do parceiro, não acordar, havia um desejo menos revelado de não ser acordado e não viajar. As reuniões de negócio no exterior faziam parte de sua carreira, a qual ele valorizava muito, ao mesmo tempo, já não suportava dormir cada noite em uma cidade diferente, longe de sua casa e família.

Ao pedir para a esposa o acordar, delegou para ela a responsabilidade de interferir em um conflito que era dele. E por acaso nesse dia, o despertador não tocou. Enfurecido, a responsabilidade por perder a viagem foi creditada unicamente a ela, enquanto ele se escondia de seus conflitos, em seu papel de vítima.

Esse deslocamento de responsabilidade também é muito encontrado situações das relações sociais e familiares do casal.

“- Dra. ele sabota sempre quando combinamos de ir na casa de meus pais. Toda vez é uma briga.”

Que tal permitir olhar o quanto essa relação com os pais é opressora para ela também, mas quem toda vez se opõe aos constrangedores almoços semanais é ele. Para se eximir da culpa prejudica profundamente sua relação.

A vontade imensa de almoçar no domingo na casa dos pais se confronta com a total falta de motivação, de mais uma vez participar dos tediosos almoços em família. Mais fácil jogar para o companheiro a escolha e brigar com ele pela opção tomada.

E assim segue que esses conflitos internos, o lado monstro em luta com o médico, acaba sendo vitorioso através do outro.

Como nosso personagem que conseguia apenas fazer escuta ao seu desejo de viajar, e realizava através de sua parceira, o ficar.

E essa acaba sendo uma forma de amor, a realização da vontade não confessa do companheiro, desse duplo interno que só permitimos perceber uma face.

Arcando com todos os ônus que essa ação acarreta um realiza o desejo encoberto do outro. Um falso algoz de uma falsa vítima.

Uma forma de união complementar que não está visível ao olhar menos atento, mas a base de muitos dos conflitos que vemos no dia a dia da terapia de casal.

Psicanalista Ana Suruagy Botto

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