- “Dra. meu marido anda reclamando que não agüenta mais ouvir o seu nome. Também hoje eu percebo quanta coisa estava errada e é um tal de Dra. Ana disse isso, Dra. Ana disse aquilo... Ele tem que entender que agora eu estou percebendo as coisas que antes eu não via e ficava só sofrendo. Atacando a geladeira, quero resolver os problemas reais...”

Está em caminho normal um processo terapêutico que se inicia no indivíduo e se estende além das paredes do consultório.

Não somos seres isolados. Imaginemos-nos como estrelas pertencentes a um grupo estelar, nossa rotação, nosso centro de gravidade, influencia todo o conjunto. A terapia causa uma modificação em nosso eixo, em nosso movimento, causando em conseqüência, uma alteração em cadeia nas estruturas que nos são próximas.

Nunca estamos de fato sozinhos no divâ de um analista. Sempre trazemos conosco nossas figuras parentais, nossas ligações diretas, sejam familiares, sejam profissionais, sejam sociais. Uma análise se desdobra em várias, então.

O impacto pode variar de acordo com o poder de adaptação do grupo em questão. Muitas vezes precisamos recorrer a uma psicoterapia em paralelo, para reorganizar esse processo de mudança. A visão do crescimento de um leva ao desenvolvimento de todo o seu grupo.

E assim aquelas estruturas sólidas e enraizadas começam a se desprender. Nesse novo ambiente, capaz de acolher as expectativas emocionais de seus membros, com respeito e harmonia, ocorre a convergência onde só existia atrito.

Psicóloga Ana Suruagy Botto