Socorro minha mesa está um caos ou Síndrome do Pseudo Déficit de Atenção

1. Definindo o problema:

Vivemos na era da informação e do estímulo. É um fenômeno cultural onde estamos expostos a um cem números de informações simultâneas e ininterruptas.
Esta super estimulação impede que o indivíduo foque sua atenção em um único objetivo, o que torna cada vez mais difícil discriminar os estímulos que são realmente importantes.

Tudo acaba assumindo um valor semelhante para atenção. É o funcionário que emprega o mesmo tempo de dedicação ao fechamento do balanço da empresa, ao bate papo no computador e não consegue se desligar do click que informa quando entram novas mensagens, parando todas as atividades para verifica-las, como se algo de urgentíssimo estivesse sendo esperado.
Este funcionário, não consegue mais discriminar prioridades e encaminha-se a passos largos para o desenvolvimento da Pseudo Síndrome do Déficit de Atenção.
E por que Pseudo Síndrome? Ela apresenta muitos do sintomas do verdadeiro Distúrbio de Atenção e Hiperatividade, tão estudado e presente nos bancos escolares. Mas se diferencia no fato de não ser motivada por fatores internos inerentes à fisiologia do indivíduo, mas por fatores externos, aos quais todos nós estamos sujeitos diariamente.
E o nosso funcionário sofre muito com sua falta de objetividade, com a dificuldade de concluir suas metas e com sua mesa, onde se avolumam as pendências.

2. Verificando os Sintomas:

Verificada a síndrome tão comum hoje nos pacientes que buscam nossa clínica, vamos citar os sintomas mais comuns, fazendo uma relação de intensidade-gravidade.

    Dificuldade de Atenção e Concentração

    Dificuldade e ou incapacidade em concluir as tarefas começadas – a impressão é de que é impossível terminar uma tarefa.

    Queda na produtividade

    Dificuldade de aprendizado

    Dificuldade em organizar o tempo, perdendo compromissos agendados.

    Hiperatividade

    Agressividade social e no trabalho

    Distúrbios de comportamento como depressão, sumarizações, comportamento alcoólico ou adição a drogas

3. Tratamento

O tratamento será determinado pelo tipo e pela cronicidade dos sintomas.
Uma ação preventiva é fundamental. Volto a enfatizar que estamos todos com fontes de estimulos além de nossa capacidade de assimilação e resolução.
A ação preventiva se baseia em eleger recursos que visem diminuir e selecionar a quantidade de estímulos que nos atingem, impondo filtros a este excesso de informações.
Para termos controle sobre aquilo que facilmente pode nos controlar, devemos estabelecer horários de exposição ao estímulo como também não assumir tarefas paralelas. Por exemplo, estabelecer o tempo diário que dedica às atividades como leitura de email, bate-papos, e não permitir que estes estímulos estejam ligados enquanto outras atividades são desenvolvidas. Mas como parece difícil desligar o celular durante uma reunião!
O sujeito on line de nossa cultura é uma pessoa de fato com muita informação disponível, mas que tem grande tendência a desenvolver um défcit de atenção e parece desconhecer que focar em um objetivo é essencial para a execução do mesmo.
E se você já começa a sentir dificuldade em executar suas tarefas diárias e terminar seus planejamentos é o momento de lembrar que assim como para o sono é necessária uma higiene do ambiente, com diminuição dos estímulos, ruído, iluminação e temperatura adequada, também para executarmos nossas tarefas diárias necessitamos de uma ambiente preparado para propiciar nossa atenção.
Mas estas são ações preventivas. No caso em que a síndrome já começa a apresentar seus sintomas o tratamento é Psicoterápico. A incapacidade de estabelecer limites e ser objetivo traz imensos prejuízos a pessoa e ao meio.
O apoio Psicoterápico é fundamental para lidar com este sofrimento que pode levar a distúrbios comportamentais e à depressão, em todas as formas de manifestação, inclusive somáticas.

Psicóloga Ana Suruagy Botto