Conclusão
Através da elaboração deste trabalho, pudemos notar que embora a ADD afete uma parcela grande da população, especialmente infantil e pelo que deduzimos, este problema não deve ser algo novo pois acreditamos que a ADD tenha acompanhado a espécie humana desde sempre, mas foi apenas neste século que começaram a ocorrer alguns avanços nesta área. Novas tecnologias como a psicofarmacologia, o EEG, da genética, das análises neuroquímicas além das tecnologias de neuroimagem como o PET, SPECT, MRI e fMRI, possibilitaram que a definição da ADD como um transtorno e possibilitaram também estabelecer quais eram os seus sintomas e como estes se manifestam. Outros avanços na neuropsicologia e na psicofarmacologia permitiram que o tratamento de ADD fosse possível, permitindo que o indivíduo possa ter uma vida praticamente normal, especialmente se este diagnóstico for feito cedo.
Infelizmente, o diagnóstico precoce da ADD continua a ser um dos maiores problemas em relação à doença. Embora o conhecimento sobre ADD na comunidade científica esteja já bem avançada, o mesmo aparentemente não acontece com a população leiga. As pessoas com ADD passam um bom tempo da sua vida sendo acusadas de uma série de coisas, sua auto-estima é rebaixada, ela tem dificuldade na escola e também tem dificuldades sociais. A situação em casa normalmente não é melhor, pois os pais, pressionados pela sociedade e escola, freqüentemente culpam a criança de algo que ela não tem culpa e ficam se perguntando onde eles erraram.
Mesmo quando os pais ou o paciente procura ajuda para o seu problema a situação pode não ser resolvida sem antes ter se passado por um longo caminho de tratamentos ineficazes, diagnósticos mal feitos e opiniões divergentes.
É neste ponto que gostaríamos de chamar a atenção de psicólogos e pedagogos. Estes profissionais pela sua formação fundamentalmente humanista tendem a desconhecer a parte biológica da mente humana, alguns destes até negam totalmente que a mente seja fundamentada na biologia, mantendo o velho e desatualizado paradigma cartesiano de mente x corpo (res cognito x res extensa). Gostaríamos de chamar a atenção destes profissionais que evitem entrar no caminho do "tudo é psicossomático" e recomendar que estes estudem e se informem mais a respeito da biologia da mente. Muitos casos de ADD passam anos e anos em terapias psicodinâmicas ou em terapias alternativas que só trazem ainda mais sofrimento para o paciente. Sabemos que muitos psicólogos vão se enfurecer com esta idéia, mas infelizmente para eles há coisas que uma droga pode tratar melhor que anos e anos de terapia. Aos médicos, deixamos a recomendação de que não vejam os pacientes de ADD apenas como pessoas que necessitam de uma droga estimulante. Entendam os problemas causados por este problema e caso seja necessário solicite ajuda de um psicólogo e da equipe pedagógica da escola da criança.
Queremos deixar claro que não estamos dizendo que a Psicologia e a Pedagogia não tem função em ADD. Isto seria uma mentira pois as drogas usadas para o tratamento de ADD não resolvem o problema de anos e mais anos de sofrimento causados pelo não diagnóstico do problema, queremos defender que haja um melhor entendimento entre a Medicina, a Psicologia e a Pedagogia de forma que os profissionais de cada uma destas ciências não tenha a ilusão que possa resolver o problema sem se utilizar do apoio de outros profissionais. O problema de ADD exige uma visão multidisciplinar para ser resolvido.
Finalmente gostaríamos de deixar a mensagem para que os profissionais olhem o problema de vários pontos de vista, se isto fosse feito não só com pessoas com ADD, mas com todos os pacientes que procuram nossa ajuda muito sofrimento seria evitado. Divulguem o mais que puderem sobre ADD. No dia que estamos escrevendo esta conclusão, podemos ver que um canal de televisão está exibindo um programa explicando o que é ADD para uma parcela da população muito maior do que qualquer livro ou trabalho científico terá acesso. Acho que este será o caminho para um melhor entendimento do problema pela população e a redução do sofrimento provocado pela desinformação.
Temos uma visão otimista que os progressos atuais nos levarão a conhecer melhor a nossa mente e a nossa psicologia, ajudando o Ser Humano a se compreender melhor, trazendo benefícios para a nossa sociedade e quem sabe, melhorando o humor do mundo que anda tão carente de amor, otimismo, compreensão e esperança neste final de século.
Os Autores - Abril de 1999
Fernando Lage Bastos e Marcelo Cunha Bueno